sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Feliz e Triste 2008!






O ano de 2008 não será um ano fácil.

Lendo o livro “Vidas Desperdiçadas”, de Zygmunt Bauman, tive um “surto apocalíptico” existencial...
Apesar de ser mais um ano novo, em que a humanidade se alegra, vejo que ela se mascara, se engana e não há tantos motivos pra comemorar. Afinal, os prenúncios que o planeta nos dá são de que as dores do parto estão para começar.

A natureza nunca gemeu tanto... E geme pela tortura lenta, sistemática e cega que nós, os humanos, lhe impomos.

Mas o gemido de agora não é de um parto natural, mas uma sangrenta e primitiva cesariana.

A quase totalidade da produção e do consumo humanos tornou-se mediada pelo dinheiro e pelo mercado; a mercantilização, a comercialização e a monetarização dos modos de subsistência dos seres humanos penetraram os recantos mais longínquos do planeta.

E apesar da modernização ter progredido de modo triunfante, alcançando as partes mais remotas do planeta, ainda há fome, miséria, desemprego, tristeza, intolerância, insatisfação, egoísmo e morte.

E agora... todas as localidades (incluindo, de modo mais notável, aquelas com elevado grau de modernização) têm de suportar as conseqüências do triunfo global da modernidade..

A globalização se tornou a mais prolífica e menos controlada – “linha de produção” de refugo humano ou de pessoas refugadas. Ela liberou e pôs em movimento quantidades enormes e crescentes de seres humanos destituídos de formas e meios de sobrevivência...

E os problemas do refugo (humano) e da remoção do lixo (humano) pesam ainda mais fortemente sobre a moderna e consumista cultura da individualização.

Sem “um lugar ao sol” para todos, com o distanciamento cada vez maior entre ricos e pobres, com o massacre cada vez mais cruel das sociedades desenvolvidas sobre as subdesenvolvidas ou pré-modernas - aterros sanitários óbvios e prontos a serem utilizados para o despejo do refugo humano da modernização -, as comemorações de final de ano, os champanhes, os fogos de artifícios, os votos de feliz ano novo ficam cada vez mais simplistas, menos verdadeiros... pois não carregam em si essa mensagem!

Na verdade, a festividade do primeiro dia do ano será para celebrar um ano a menos de existência na Terra. Para quem não carrega no peito a esperança do Filho do Homem e de Sua volta, é apenas a celebração da proximidade da morte, não da vida.

Mas não temos como não nos alegrar com o futuro.

Fomos feitos para o Sempre.

E aqueles que conhecem a Deus já passaram da morte para vida.

E se vivemos, para o Senhor vivemos; e se morremos, para o Senhor morremos; quer, pois, vivamos ou morramos, nós somos do Senhor.
Por isso, que 2008 seja um ano com a extensão do que Cristo tem sido em nós, pois é Ele quem faz nova todas as coisas, quem virá com poder e glória para reinar por toda a eternidade... quem fará novos céus e nova terra... e quem enxugará dos nossos olhos toda lágrima!

Por isso, estou a cada dia mais próxima do que já é, e em mim será, pois Nele eu já sou.
Feliz e Triste 2008,
Mas um Feliz Ano Novo, com a consciência existencial do que haverá de vir...
Nele, em Quem somos,
Vanessa