terça-feira, 6 de maio de 2008

A plenitude do amor





Vivemos num mundo extremista: de um lado, os hedonistas, “cavadores de cisterna”, gente que busca sua própria satisfação, seu próprio prazer, sua auto-realização, sem pensar no outro, sem despojar-se de si um instante que seja...
De outro, os deprimidos, miseráveis de alma, que se auto-anulam com uma bondade doentia em prol do outro ou em busca de aceitação...

“ amarás ao próximo como a ti mesmo”...
Amar ao próximo...
Amar a mim mesma...
Amar ao próximo como amo a mim mesma...

E o mandamento continua a recitar em nosso coração o eco da base de qualidade que tenho para dar e receber: amar o outro como amo a mim mesma!

Isso significa que só assim, nessa dialética amorosa entre mim e o outro, amando e me amando é que posso fazer verdadeiro o mandamento de Cristo.

Por isso, para amar o outro, preciso, primeiramente, me amar...
Preciso gostar de mim, da minha companhia, do meu talento, dos dons graciosamente dados a mim...
Preciso valorizar-me, dar-me atenção, cuidar do meu corpo, da minha alma, do meu espírito... Preciso curtir-me sozinha.... tudo isso ancorada pela gratidão de ser à imagem e semelhança do Altíssimo!
Quem não ama a si mesmo jamais amará próximo nenhum... e quem vive em função do outro e se esquece de si não ama, pois todo amor ao próximo sem amor a mim mesma é apenas carência, insegurança, necessidade de aceitação, barganha inconsciente... mas nunca amor...

Por outro lado, quem só se ama e esquece-se de transpor esse amor ao outro, em gratidão a Deus, não ama a Deus. Isto porque a Palavra diz que se não amamos ao próximo a quem se vê, como amaremos a Deus, o qual nunca o vimos?

Assim, eu sei se cumpro o mandamento de Cristo e avalio minha saúde interior e espiritual pela minha capacidade de me amar e de genuinamente me importar com meu próximo e agir em favor dele.

A segurança em saber que eu sou capaz de amar porque Deus me amou primeiro faz-me grata, equilibrada e segura para demonstrar amor para com o meu próximo, sem auto-anulação, sem bondade doentia, sem vaidade e presunção...

Dessa forma, posso dizer, em sã consciência, que Deus não prestigia religião, culto, altares, políticas, sabedorias humanas ou qualquer outra coisa que se faça fora do amor ao próximo...

No entanto, o amor é tanto mais amor quanto menos recompensado for como galardão fraterno, pois se amo somente o amigo, que proveito terei? Pois amar a quem nos ama e amar a quem gostamos ou a quem tem como nos recompensar é fruto de alienação de Deus e dos seus propósitos existenciais....
Nele, que nos ensina a amar porque nos amou primeiro,
Vanessa