domingo, 14 de setembro de 2008

Eu, poeta...


Caminhando por saberes tão distintos dos habituais, “esbarrei-me” na filosofia da Composição, de Edgar Allan-Poe. Um poeta, que no início do século XX passa a escrever contos e, mais do que isso, tem uma preocupação de mostrar o que se passa “nos bastidores” de quem escreve...

Isso porque sempre que lemos um conto, ou uma poesia, imaginamos que o escritor simplesmente se debruça em sua escrivaninha e, com muita inspiração, escreve...

Allan-Poe, ao contrário, preocupa-se com o modus operandi, ou seja, muito além de inspiração, o poeta precisa de transpiração...

É extremamente trabalhoso escrever poemas, assim como produzir um filme, conforme explicitado por Sergei Eisenstein em “O sentido do filme”: ... a escolha das cores, da música, do enredo, do clímax, do efeito... e, no caso do poema, as palavras precisam ser metricamente colocadas em ordem, atentar-se para a extensão e a originalidade do que se escreve... e com um único desfecho: provocar os sentimentos e emoções ...

Eisenstein um cineasta, Allan Poe um poeta... os dois em busca da harmonia para fazer o desfecho de suas narrativas: poéticas ou cinematográficas.

E que grande lição eles nos ensinam...

Tanto um quanto o outro não são vaidosos, mas aceitam o desafio de se despojar da imagem de que por meio da inspiração apenas produz-se algo...

Ao contrário, escrever é um exercício de refazimento constante, de planejamento minuciososo... de escrever/apagar... até atingir o objetivo maior, como disse: captar emoções....

O interessante desta “desmontagem do poema”, é que Allan Poe demonstra que ele é o primeiro leitor de si mesmo: o constante refazimento permite a releitura... e essa releitura o permite entender os efeitos da escrita, primeiramente, para ele mesmo...

O poema só é poema quando emociona, quando vai além do coração, além da inteligência... e consegue tocar e elevar a alma...

Sejamos poetas...

Despojados de vaidade, leitores de nós mesmos, fazendo da nossa existência um grande enredo... sabendo escolher, em Deus, a harmonia entre a música, as cores, clímax, a fim de atingir o melhor dos efeitos, ou seja, a elevação da alma...

Em Cristo temos a compreensão do modus operandi e do desfecho de toda a trama existencial...

Nele, o Maior Poeta, que faz da nossa vida a melhor das poesias...
Vanessa