quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Tiremos as máscaras!





As máscaras são passaportes para mundos imaginários.


Na África, as máscaras foram criadas pelos artistas das tribos e usadas em ritos religiosos. No Antigo Egito as máscaras eram usadas em sacrifícios cerimoniais. As múmias eram mascaradas, antes do enterro, com máscaras adornadas de pedras preciosas.


Os Esquimós, no Alasca, acreditavam que cada criatura tinha uma dupla existência, e podia mudar para a forma de um ser humano ou animal, bastando querer.
Os nativos americanos, da parte noroeste dos Estados Unidos, usavam máscaras numa cerimônia anual em que choravam os mortos.


No Brasil, as tribos faziam e usavam máscaras representando animais, aves e insetos.


Na Ásia, as máscaras eram também usadas para cerimônias religiosas, e mais tarde, para funções sociais, tais como casamentos, e diversos divertimentos.


Na antiga Grécia e Roma eram usadas para festivais e teatros, foi onde começou o uso das máscaras para fins artísticos. Com o fim da antiga civilização Romana, as máscaras caíram em desuso. Os primeiros Cristãos atribuíram o uso de máscaras a cultos pagãos, tornando-as quase ilegais.


A máscara, historicamente falando, foi um adereço cênico do teatro grego.


No dicionário de Psicologia de Henri Pieron, o verbete máscara, tem o designativo de persona e vem com a seguinte conceituação: “Máscara que simula a individualidade e dá, tanto aos outros como a si próprio, a ilusão da individualidade, embora só se trate de uma máscara de “psique coletiva” que representa um papel” (Jung,1923).


A máscara é, pois, um artefato que caracteriza um aspecto superficial e falso.


Soren Kierkegaard certa vez disse que a vida é um baile de máscaras. Ele sabia que este era o escudo atrás do qual as almas se escondiam de si mesmas, e, assim, tentavam ocultar suas faces também para a percepção dos demais.


Para muitos, esconder-se atrás das máscaras é apenas uma questão de proteção ou de diversão inexaurível, um vício do ser, a tal ponto que sem as máscaras muitos homens não suportam e morrem. Assim, para a maioria, sem o personagem, acaba a pessoa.


Sendo assim, diz Kierkegaard, “você é tão mais bem sucedido, quanto mais enigmática for a sua máscara”.

A maioria existe assim. Daí, para muitos, catástrofes que lhes roubem as “máscaras” os deixam em estado de desespero, pois não possuem um rosto próprio ...


Vende imagem, e se alimenta dela.


Mas no dia em que as máscaras são tiradas, muitos não conseguem mais viver, pois neles não há uma vida própria, mas apenas uma existência fabricada para consumo no Baile de Fantasias, que é a existência da maioria.


Mas Deus sonda, perscruta nosso coração... Ele nos conhece e sabe que diante Dele todas as máscaras caem por terra...


Somos quem somos... desnudos, transparentes...


No Reino de Deus não haverá Baile de Máscaras... " Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus"... Só há perseguição quando há reconhecimento de identidade, revelação de quem, de fato, somos...


A Graça de Deus é um convite para que vivamos autenticamente ainda nessa vida! Mas temos que distinguir a Graça de Deus das nossas próprias gracinhas: nossas máscaras existenciais, belas aos olhos dos outros, sepulcros caiados diante de Deus!


Que possamos desmascarar, escancarar, arreganhar nosso coração diante de Deus e dos homens, testificando da Graça que habita em nós!


Reconheçamos isso, ou perderemos o poder unificador da personalidade e a capacidade abençoada de nos tornarmos alguém que seja realmente “nós mesmos”.

Grande beijo,
Vanessa