domingo, 14 de dezembro de 2008

Café com Prosa, edição de Natal
























Ontem tivemos nossa última confraria do ano no Café com Prosa.
Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres.

Agradeço a presença de todos, pelas orações compartilhadas, pelas dores e alegrias divididas...
Desejo a vocês um Ano Novo repleto de boas realizações...

Muita saúde, muita paz, muita prosperidade...

Sonhos realizados, novos amigos conquistados....











Amor em família, paz no trabalho, e muita, muita intimidade com o Altíssimo!




Retornaremos em 2009.


Boas Festas e um Feliz Ano Novo!


Com todo amor,

Vanessa




















Como está o seu jardim?

"No meio do deserto existe um oásis. Nele não há árvores frondosas, odaliscas, lagos frescos e frutas grávidas do melhor sumo. No meio do Deserto de Neguev, em Israel, existe um deserto chamado Amós Oz e nele tudo o que podemos beber são algumas talagadas de esperança, liberdade, imaginação e paz, sem nada do pieguismo que muitas vezes acompanha tais conceitos."

Foi com esses elementos que este israelense, nascido em Jerusalém há 65 anos, construiu uma das literaturas mais sensíveis de hoje sobre o "humano, demasiado humano", para emprestar a expressão de Nietzsche. E em seu livro contra o fanatismo, Amós Oz escreve:

" Creio que a essência do fanatismo reside no desejo de forçar as outras pessoas a mudarem. A inclinação comum de melhorar seu vizinho, de consertar seu cônjuge, de guiar seu filho ou de endireitar seu irmão, em vez de deixá-los ser.
O fanático é uma criatura bastante generosa. é um grande altruísta. Freqüentemente, o fanático está mais interessado em você do que nele próprio. Ele quer salvar sua alma, quer redimi-lo, quer libertá-lo do pecado, do erro, do fumo, de sua fé ou de sua falta de fé, quer melhorar seus hábitos alimentares ou curá-lo de seus hábitos de bebida ou de voto.
O fanático importa-se muito com você, ele está sempre ou se atirando no seu pescoço, porque o ama de verdade, ou apertando sua garganta, caso você prove ser irrecuperável. E, de qualquer modo, falando topograficamente, atirar-se no pescoço de alguém ou apertar sua garganta é quase o mesmo gesto. De qualquer jeito, o fanático está mais interessado em você do que nele próprio, pela razão muito simples de que ele tem um si próprio muito pequeno, ou nenhum si próprio, em absoluto". ( Amós Oz, contra o fanatismo)

E Amós Oz adverte: “Muito cuidado, o fanatismo é extremamente infeccioso, mais contagioso do que qualquer vírus. Pode-se contrair fanatismo facilmente, até mesmo ao tentar vencê-lo ou combatê-lo.

Mas, como podemos reagir ao fanatismo ou nos preservarmos dele?
Com imaginação, é a resposta de Amos Oz: «Sentido de humor, a capacidade de imaginar o outro, a capacidade de rirmos de nós próprios constitui uma cura parcial, a capacidade de nos vermos como os outros nos vêem é um outro remé­dio. A capacidade de conviver com situações cujo final está em aberto, inclusivamente de aprender a desfrutar com essas situações, de aprender a desfrutar com a diversidade, também pode ajudar.

E o que é humor para Amós Oz?

Humor é relativismo, humor é a habilidade de nos vermos como os outros nos vêem, humor é a capa­cidade de perceber que, por muito cheia de razão que uma pessoa se sinta e por mais tremendamente enganada que tenha estado, há um certo lado da vida que tem sempre a sua graça. Quanto mais ra­zão se tem, mais divertida se torna a pessoa. E para ele, “onde temos razão não podem crescer flores”.

E se assim é, todos nós temos um gene fanático dentro de nós...

E o fanatismo, a meu ver, é a tentativa humana de querer mudar o outro...

E para o fanático, conforme prescreve Amós Oz, os fins justificam os meios... Ou seja, vale qualquer coisa para “salvar” o outro daquilo que ele condena...

O fanático é um ser que, embora generoso...

Se faz divino ao assumir o papel de Deus.

Isto porque as Escrituras afirmam que “Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2:13)

Desejar o bem do outro, orar por ele, aconselhar, sofrer junto, estender a mão, não significa e nem pode significar impedi-lo de ser...

O papel de convencer ou converter pertence a Deus, da Sua Essência em nós: o Espírito Santo...

E Graças a Deus por isso.

Nele, que faz crescer flores em nós quando nos despojamos de nossas razões, de nossas certezas, de nossas convicções e apenas O deixamos ser em nós.

E eu não quero ter um si próprio pequeno, mas um Ele próprio em mim, que me guia, me convence, me leva...

Vanessa

CONTRA O FANATISMO



CONTRA O FANATISMO
AMÓS OZ


Resenha por Henrique Chagas
[ VERDES TRIGOS - http://www.verdestrigos.org/ ]


O fanatismo e a intolerância são os temas principais deste livro, resultado de três conferências realizadas por Amós Oz no Fórum de Literatura da Universidade de Tübingen, na Alemanha, onde atuou como professor convidado em 2002. O ponto de partida é, evidentemente, o mundo pós-11 de setembro, com a disseminação do terror e o acirramento dos conflitos entre árabes e israelenses.


O escritor israelense vai, no entanto, muito além do noticiário ao tentar investigar as motivações mais profundas - e universais - daqueles que matam e morrem apegados cegos por suas certezas. Pessoas que explodem clínicas de aborto nos Estados Unidos, que queimam mesquitas e sinagogas aqui na Alemanha diferem de Bin Laden apenas em escala, mas não na natureza de seus crimes, argumenta.


Em 1967, Amós Oz foi à guerra por entender que seu país, Israel, estava ameaçado. Na década seguinte já militava no PAZ AGORA, principal movimento pacifista israelense. Por isso, este texto traduz mais do que idéias: sua substância é a vivência de quem rememora a infância, quando atirava pedras nos blindados britânicos que ocupavam Jerusalém assim como os palestinos o fazem hoje contra as tropas israelenses. Com um texto claro e muitas vezes irônico, como quando fala de fanáticos mais civilizados, como antitabagistas e vegetarianos radicais, Amós Oz receita doses de bom-humor contra o fanatismo, recorrendo a escritores como Shakespeare, em cujas obras toda forma de fanatismo acaba em tragédia ou comédia.


Para o autor, quanto mais você tem razão, mais engraçado fica. O tom leve do livro, mesmo quando trata de temas polêmicos, pode ser exemplificado no conselho dado pela avó do escritor sobre as diferenças entre cristãos e judeus quanto à chegada do Messias. Se o Messias vier e disser oi, é muito bom revê-los os judeus vão ter que reconhecer seu engano. Se, de outro modo, o Messias chegar dizendo muito prazer, é um prazer conhecê-los, todo o mundo cristão terá que pedir desculpas aos judeus.


Contra o fanatismo é apresentado no entusiasmado prefácio de Nadine Gordimer, escritora sul-africana premiada com o Nobel de Literatura em 1991, como a voz da sanidade que ultrapassa a confusão, a mentira, a baboseira histérica e a retórica existente no mundo sobre os conflitos atuais. Amós Oz nasceu em Jerusalém em 1939.


Sua obra já foi traduzida para mais de 30 idiomas. É autor, dentre outros romances, de Meu Michel, A caixa preta, Pantera no porão e O mesmo mar. FRASESe o redentor viesse, ele viria contando piadas (...). No momento em que aprendermos a rir de nós estaremos imunes ao fanatismo.