Caracterizar e definir a família é uma tarefa complexa. Alguns autores, ao refletirem a origem da família, questionam a universalidade em torno do conceito, pois percebem que cada agrupamento humano é capaz de instituir seus próprios vínculos de parentesco.
O modelo tradicional de família nuclear e burguesa não pode ser um conceito universal, pois há diferentes realidades familiares, e diferentes formas de vivenciar relações afetivas.
Por esta razão, sabemos que uma família não é formada apenas por vínculos consangüíneos, mas que considera o afeto que configura a convivência social. Assim, a nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto se pode deixar de conferir o status de família
Nesse sentido, quando remetemos nossos olhares para as famílias bíblicas, podemos nos perguntar: onde estavam esses laços afetivos que fazem com que nos tornemos “família”?
Caim, num súbito de inveja, matou seu irmão, Abel. Os filhos de Abraão, Ismael e Isaque, nunca se deram bem. Raquel e Lia, duas irmãs disputando o mesmo homem. Hofni e Finéias, vergonha e dor para o pai Eli. Davi, invejado pelos irmãos, assim como José, o qual fora vendido por eles como escravo para o Egito. Davi e Saul, a pior história de genro e sogro de toda a Bíblia. Amnon ama a irmã Tamar – incesto. Absalão deseja matar o pai, mas morre com a cabeça entre galhos de árvore, trazendo dor e sofrimento a Davi, seu pai. Davi, Urias e Bateseba: desejo, paixão, prazer, traição e morte. Oséias, o marido traído, cuja mulher era dele e de todos.
E o filho pródigo, que promoveu a alegria do pai, mas a inveja e a ira do irmão? Esaú e Jacó, dois irmãos que se desentendem por causa do direito de primogenitura, tendo a mãe acobertando o mal, a mentira, favorecendo um dos filhos. Abraão andava com Deus, mas não conseguiu caminhar com o sobrinho Ló. O que diremos da esposa de Jó, que diante do fato de não poder mais desfrutar dos privilégios que os bens materiais lhe trazia dizia: “Amaldiçoa a Deus e morre”!?
Enfim, relatar o cenário familiar bíblico nem sempre trouxe sossego, ao contrário, a família em várias situações trouxe desgraça e sofrimento. No entanto, a solução para todos os desafetos, as intrigas, as contendas vem “em família.
Enfim, relatar o cenário familiar bíblico nem sempre trouxe sossego, ao contrário, a família em várias situações trouxe desgraça e sofrimento. No entanto, a solução para todos os desafetos, as intrigas, as contendas vem “em família.
Para tanto, precisamos nos perguntar o que Jesus ensina acerca da família. Na verdade, foram poucos os ensinamentos em torno da questão familiar, mesmo porque, tudo o que Ele diz passa pelo coração da família. Os princípios para a vida em família são os mesmos para a vida: “ O que quereis que os homens vos façam, fazei isto mesmo vós também a eles”.
Em família Jesus sabe que há invejas e mágoas, ingratidão e desafetos, mas em tudo que ensinou, apontou para a possibilidade de uma qualidade humana e relacional melhor no vínculo e na celebração da convivência em família, seja entre cônjuges, entre pais e filhos, entre sogro e genro, entre nora e sogra, entre tios e sobrinhos...
É por isso que o que move a “roda viva” da família precisa ser o amor. Casamento não pode ser uma liturgia religiosa com um papel com firma reconhecida, mas um “acasalamento” de corpo, alma e espírito. E para os pais e filhos, o sonho de Deus é que os corações dos pais se convertessem aos seus filhos, e o dos filhos, aos seus pais, revelando, outra vez, a essência do Evangelho: ver a vida com os olhos do outro (pai ou filho, esposa e marido). Ou seja, amar, não para fazer o que o outro acha bom, mas para realizar aquilo que a consciência chama de Bem.
Assim, “em família a única formula é aquilo que não nos dá forma nenhuma, pois, em si mesmo, já é a antiforma, que é a Graça...que sendo favor imerecido, acaba cabendo em todas as formas e ganhando todas as caras” (Caio Fábio).
E se para tudo a solução é “em família”, agradeço a Deus pelo privilégio de ter “nos meus”, o amparo para resolver todos os meus conflitos.
Sou um ser, essencialmente, família. E foi por intervenção da dor, da perda, da anulação, da renúncia que Deus me fez afetivamente e materialmente atenta e generosa para cuidar dos meus.
E isso me faz lembrar que cuidar de pai e mãe e de todos os nossos é o mandamento é o único que carrega a promessa de que tal atitude chama prolonga os dias de quem o pratica.
“Na língua hebraica honrar pai e mãe significa pesar, discernir, entender, aprender e, se possível, melhorar pai e mãe em nós, para o nosso bem e para a honra deles. E se Deus é amor, quem quer que O conheça ama com todas as formas genuínas de amor ao próximo; posto que a prova do amor a Deus no mundo, é minha disposição de amar e acolher meu próximo em Graça.
Assim, não cuidar dos meus, dos de minha casa, não importando qual seja a causa por mim alegada para que, podendo, não os ajude, é a própria negação da fé no Deus que é amor.
Assim, filhos que não cuidam de seus pais, mesmo que confessando Jesus com os lábios, são ainda piores que os pagãos mais cínicos e incrédulos; posto que estes não dizem crer no Deus que é amor. Do mesmo modo, pais que deixam seus filhos e os esquecem nesta vida, são piores do que bruxos perversos. Assim também ex-maridos que não se preocupam com o futuro da antiga companheira, são também seres que nunca conheceram o Evangelho (Caio Fábio)
Assim, a família pode ser lugar de vida, esperança e alegria... mas pode ser lugar de angústia, engano, disputas e alterações dramáticas de destinos.
Assim, filhos que não cuidam de seus pais, mesmo que confessando Jesus com os lábios, são ainda piores que os pagãos mais cínicos e incrédulos; posto que estes não dizem crer no Deus que é amor. Do mesmo modo, pais que deixam seus filhos e os esquecem nesta vida, são piores do que bruxos perversos. Assim também ex-maridos que não se preocupam com o futuro da antiga companheira, são também seres que nunca conheceram o Evangelho (Caio Fábio)
Assim, a família pode ser lugar de vida, esperança e alegria... mas pode ser lugar de angústia, engano, disputas e alterações dramáticas de destinos.
Cada um de nós deve entender nossa posição em Deus para que, em família, possamos resolver todas as nossas angústias e dilemas.E o conceito de família, em Deus, não se estende somente aos grupos consangüíneos, mas definida como ajuntamento de pessoas que carregam em si o amor, vínculo da perfeição, que une e soluciona todo e qualquer conflito existencial.
Nele, que se fez “família” em nós para que “em família” soubéssemos ser “família” no próximo.
Vanessa
Um comentário:
Opa!!!
Tem um tempo que não deixo uma mensagem no seu blog.
Não que eu não tenha visto, foi falta de "tempo" mesmo.
Gostei do texto: " O valor da Família". Muitas vezes não a valorizamos e quando nos damos conta ela já era.
Essa é uma realidade que tenho visto e que infelsmente é cada vez mais frequente.
Concordo contigo quando vc diz que nos tornamos piores do que os pagãos quando não cumprimos com os deveres para com os nossos famíliares.
O Fato de Cristo ter nos feito família também é outro grande mistério. O que nos resta é adorá-lo.
Grande beijo no coração a vc!
Zilão
Postar um comentário