Trabalhando como educadora de uma grande escola da rede municipal, atuando como Supervisora Pedagógica, cuja função específica é capacitar o docente em serviço, percebo que a crise educacional é real.
Não só por causa do salário ínfimo que os profissionais da educação recebem, não apenas pelos altos índices de evasão e repetência escolares ou pelo descompromisso da família para com a educação de seus filhos, mas também, porque não temos conseguido satisfatoriamente atender às expectativas, sonhos e motivações dos nossos alunos.
É como se nossas salas de aula estivessem povoadas de jovens seres do século XXI e nós, professores e professoras confusos ou míopes, continuando a enxergar ou a fazer de conta que lá estão os meninos e as meninas imaginados pelas teorias dos compêndios do século XVII, XVIII, XIX e parte do XX. Já é tempo de nos darmos conta de que o mundo mudou muito também dentro de nossas escolas.
Esquecemos com freqüência de que são postas em circulação imagens e significados sobre a infância e a juventude que se afastam cada vez mais das visões tradicionais com as quais nos acostumamos.
Nossas crianças e adolescentes estão cada vez mais cedo e com maior freqüência expostos à violência, às drogas, ao sexo; a infância é encurtada e a juventude cada vez mais exaltada e prolongada.
Novos padrões de comportamento são ditados: tatuagens, cabelos longos, piercings, moda funk, sexo liberado mas seguro, estilos ecléticos de música e arte, enfim, um currículo paradigmático para todas as tribos e culturas que adentrou na escola, desestruturando e desequilibrando os profissionais que não têm ainda acompanhado essas mudanças.
Que possamos, então, como educadores, produzir uma obra de orientação, de acompanhamento, de interpretação ativa de nossos conceitos, que a cada época ganham novas configurações e transformam em obsoletos os paradigmas do “ontem”.
Que possamos, então, como educadores, produzir uma obra de orientação, de acompanhamento, de interpretação ativa de nossos conceitos, que a cada época ganham novas configurações e transformam em obsoletos os paradigmas do “ontem”.
Para tanto, uma leitura transdisciplinar da contemporaneidade que ultrapasse os muros que nos cercam no arraial escolar, torna-se pré-requisito para construir significativamente as subjetividades e as identidades das crianças e adolescentes de nossos dias.
Vanessa
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