sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Feliz e Triste 2008!






O ano de 2008 não será um ano fácil.

Lendo o livro “Vidas Desperdiçadas”, de Zygmunt Bauman, tive um “surto apocalíptico” existencial...
Apesar de ser mais um ano novo, em que a humanidade se alegra, vejo que ela se mascara, se engana e não há tantos motivos pra comemorar. Afinal, os prenúncios que o planeta nos dá são de que as dores do parto estão para começar.

A natureza nunca gemeu tanto... E geme pela tortura lenta, sistemática e cega que nós, os humanos, lhe impomos.

Mas o gemido de agora não é de um parto natural, mas uma sangrenta e primitiva cesariana.

A quase totalidade da produção e do consumo humanos tornou-se mediada pelo dinheiro e pelo mercado; a mercantilização, a comercialização e a monetarização dos modos de subsistência dos seres humanos penetraram os recantos mais longínquos do planeta.

E apesar da modernização ter progredido de modo triunfante, alcançando as partes mais remotas do planeta, ainda há fome, miséria, desemprego, tristeza, intolerância, insatisfação, egoísmo e morte.

E agora... todas as localidades (incluindo, de modo mais notável, aquelas com elevado grau de modernização) têm de suportar as conseqüências do triunfo global da modernidade..

A globalização se tornou a mais prolífica e menos controlada – “linha de produção” de refugo humano ou de pessoas refugadas. Ela liberou e pôs em movimento quantidades enormes e crescentes de seres humanos destituídos de formas e meios de sobrevivência...

E os problemas do refugo (humano) e da remoção do lixo (humano) pesam ainda mais fortemente sobre a moderna e consumista cultura da individualização.

Sem “um lugar ao sol” para todos, com o distanciamento cada vez maior entre ricos e pobres, com o massacre cada vez mais cruel das sociedades desenvolvidas sobre as subdesenvolvidas ou pré-modernas - aterros sanitários óbvios e prontos a serem utilizados para o despejo do refugo humano da modernização -, as comemorações de final de ano, os champanhes, os fogos de artifícios, os votos de feliz ano novo ficam cada vez mais simplistas, menos verdadeiros... pois não carregam em si essa mensagem!

Na verdade, a festividade do primeiro dia do ano será para celebrar um ano a menos de existência na Terra. Para quem não carrega no peito a esperança do Filho do Homem e de Sua volta, é apenas a celebração da proximidade da morte, não da vida.

Mas não temos como não nos alegrar com o futuro.

Fomos feitos para o Sempre.

E aqueles que conhecem a Deus já passaram da morte para vida.

E se vivemos, para o Senhor vivemos; e se morremos, para o Senhor morremos; quer, pois, vivamos ou morramos, nós somos do Senhor.
Por isso, que 2008 seja um ano com a extensão do que Cristo tem sido em nós, pois é Ele quem faz nova todas as coisas, quem virá com poder e glória para reinar por toda a eternidade... quem fará novos céus e nova terra... e quem enxugará dos nossos olhos toda lágrima!

Por isso, estou a cada dia mais próxima do que já é, e em mim será, pois Nele eu já sou.
Feliz e Triste 2008,
Mas um Feliz Ano Novo, com a consciência existencial do que haverá de vir...
Nele, em Quem somos,
Vanessa

domingo, 16 de dezembro de 2007

Fabriquemos pérolas!





Queridos amigos e irmãos:
Neste sábado nos reunimos na casa de Luiz Carlos e Vânia, celebrando com eles suas Bodas de Pérolas: 30 anos de casados, e felizmente casados.
Aproveitando a ocasião, e falando bem especificamente ao coração do casal, compartilhei sobre a relação que existe entre a ostra e a pérola.
Pérolas são produtos da dor, resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior das ostras, como um parasita ou um grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma susbtância chamada nácar. Quando o grão de areia penetra as células do nácar, estas começam a trabalhar e a cobrir o grão com camadas para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando ali no seu interior.
Assim, uma ostra que nunca foi ferida nunca vai produzir pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
A convivência com alguém por 30 anos, com certeza, é resultado de muita produção de pérolas... Palavras rudes, intolerância, ciúmes, egoísmo, falta de gentilezas, acusações, mágoas... tudo isso deve ser coberto com várias camadas de amor...´Assim como o nácar cobre o grão de areia...
Há muitos casamentos e relacionamentos que podem ser comparados a ostras vazias, não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor.
Então, o desafio que fica pra todos nós é: fabriquemos pérolas!
O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... O amor jamais acaba.
E é por meio do amor que somos capazes de perdoar e de nunca cultivar ressentimentos...
O resultado disso é extremamente valioso: pérolas existenciais...
Que tipo de ostra você é?
Que Deus abençoe ricamente a vida de Luiz Carlos e Vânia, e que seu casamento seja um referencial de vida conjugal pra todos nós.
Um beijo a todos,
Nele, que nos cobre com sua graça e seu amor, assim como nácar cobre o grão de areia...
Vanessa

domingo, 9 de dezembro de 2007

Felicidade é....


Queridos amigos e irmãos:

Graça e paz!

Que noite gostosa tivemos ontem, compartilhando saberes e experiências existenciais e também nos divertindo...

Falamos sobre o que é felicidade.

Vivemos num mundo ocidental, cuja ideologia neoliberal assombra nossas vidas com os bombardeios do "mercado", oferecendo a felicidade por meio da aquisição de parafernálias produzidas pelo capitalismo. Mas, se sabemos que "dinheiro não compra felicidade", o que é felicidade?



A Bíblia relata em Gênesis 1 o surgimento da infelicidade. Quando a Serpente oferece do fruto proibido a Eva, e esta a seu marido, e ambos aceitam a sugestão de que havia algo mais a saber, e a saber por si mesmo, e assim, fixam em seus corações a insatisfação como valor essencial, surge a infelicidade da felicidade.



Aceitam alcançar a qualquer preço o que julgavam ser essencial, que lhes satisfariam os desejos... a qualquer preço, mesmo que a ameaça fosse a morte.



Há pouco mais de seis mil anos esse episódio aconteceu, e ainda se repete no éden existencial de cada ser humano: a busca da felicidade até a morte. E essa busca passou a ser a religião da maior devoção humana.



E o que nos ensina Jesus?



Ele ensina que o Caminho da Felicidade anda na contramão da escolha adâmica.



Felicidade é contentamento, e contentamento em Deus.

Felicidade é conhecer Deus em amor, não em saber.

Felicidade é conhecer Deus como homem, ao contrário de Adão e Eva, que desejaram conhecer como Deus...

Felicidade é querer ser em Deus...

Felicidade é conhecer em Deus conforme a Palavra da Vida nos revelar o significado de todas as coisas, e sempre em humildade...

Felicidade é crer que se é amado por Deus!



A proposta do diabo para que sejamos felizes é futurística: "Como Deus sereis conhecedores do Bem e do Mal". Desse modo, a coisa a se conhecer, obter e possuir está sempre no futuro humano.



Para Jesus a felicidade é para o hoje, o agora: bem-aventurado são...

Bem-aventurados (felizes) são: os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos por causa da justiça...



Assim, os felizes não se enriqueceram, não necessariamente prosperaram, não dominaram, não souberam de tudo, não impuseram sempre a justiça, embora sempre estivessem lutando por ela...




"Todavia, são felizes porque desejaram aprender e não saber;


quiseram sentir com o coração e não dominarcom


o conhecimento que controla;


ambicionaram ver Deus


e não conhecer como Deus; e sem questões aceitaram


todas as relatividades da existência, mesmo que


sofrendo injustiçs e perseguidos pelo capricho


da maldade experencial de Deus viver


em contentamento..."


Caio Fábio




Ademir, o menino da foto, tem uma doença crônica, ele e toda a sua família. A mãe já está quase cega, as irmãs pequenas nunca poderão ser mãe, o irmão de dois anos nunca aprenderá a andar e ele... com todos os músculos atrofiados viverá por pouco tempo. É um menino contente... alegre... não se intimida frente ao problema, procura se sentir tão normal quanto os demais...




Felicidade é contentamento!




Sejamos felizes...




Nele, em quem sou sempre feliz, ainda que não tenha tudo...


Vanessa


terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Brasil, olha pra cima!


Desde menina vislumbrava o movimento, as atividades, a magia que acontecia dentro das instituições educativas. Quando chegava em casa, depois de um dia exaustivo na escola, ainda encontrava entusiasmo para brincar de escolinha nos finais de tarde. Mamãe até pintou a parede da varanda de verde escolar. Passava horas a fio imitando gestos e atitudes de professores, quase todos muito autoritários – anos 80, tempo em que os resquícios da Ditadura Militar ainda assombravam o trabalho pedagógico na escola.


Agora, em pleno século XXI, atuo como pedagoga de escola pública, o que tem-me feito vislumbrar momentos significativos, apesar de todo o descaso governamental para com o ensino público. Momentos estes permeados de alegrias, frustrações, decepções, recompensas, cansaço, mas sem perder a luta e a confiança de que, por meio de ações singulares e, por vezes, solitárias, seria possível promover um trabalho pedagógico melhor.


Atuando no “chão da escola” lidando dia-a-dia com os problemas sociais, econômicos, psicológicos, culturais e morais de crianças e adolescentes, e com a difícil realidade dos professores (baixos salários, condições de trabalho nada ideais, desmotivação profissional), percebo cada vez mais o valor e a importância do pedagogo nas instituições educativas.


Descobri que o pedagogo tem outros caminhos a desbravar, outras estradas por trilhar, outra identidade a se conquistar. Reconheci que, além de mediar professores, professores e gestores, professores e alunos, este profissional também tem o papel de pensar a interdisciplinaridade enquanto processo de integração recíproca entre várias disciplinas e conhecimentos, o que requer de todos os profissionais da escola um esforço no rompimento de uma série de obstáculos ligados a uma racionalidade extremamente positivista da sociedade industrializada.


Ao pedagogo, exige-se esta postura mediadora, o qual não pode negar as especificidades e objetividades de cada campo do conhecimento, devendo ele detectar as áreas onde seja possível estabelecer as possíveis conexões do saber. Um grande desafio, permeado de paradoxos: ao mesmo tempo em que se exige do pedagogo uma visão ampliada frente ao paradigma pós-moderno, lhe falta condições materiais até para manusear um computador, pois os recursos financeiros destinados às escolas públicas são raros e quase sempre ínfimos.


Atuando nessas escolas periféricas pude perceber a necessidade de se existir profissionais com uma leitura de mundo mais crítica, mais reflexiva, mais humana frente a esse novo paradigma da modernidade, globalizado e excludente. Um paradigma que requer do pedagogo uma nova identidade, que não a de fiscalizar e cobrar posturas, nem o de cumprir “pacotes educacionais” encaixotados pelo neoliberalismo. Ao contrário, essas exigências perpassam por um perfil que alcance, transite e supere a modernidade junto à complexidade crescente, tanto das tarefas dos processos educacionais como das organizações responsáveis por eles – as escolas.


Por esta razão, penso que o pedagogo precisa entender que seu trabalho deve se ocupar dos processos educativos, dos métodos, das maneiras de ensinar mas, antes disso, precisa ter um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Seu trabalho deve estar inserido num campo de conhecimentos que esteja envolvido na problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, numa diretriz orientadora da ação educativa.


Atualmente trabalho como Supervisora Pedagógica e Orientadora Educacional numa escola periférica – Escola Municipal Professora Irene Monteiro Jorge – situada nos grandes bolsões de miséria da cidade de Uberlândia, nas proximidades do Presídio Prof. Jacy de Assis e do Centro Socioeducativo de Uberlândia, recentemente inaugurado, antigo Cisau. Lido diariamente com crianças e adolescentes que vivenciam a criminalidade, a violência, o tráfico de drogas, muitas filhos e filhas de presidiários ou ex-presidiários.


Sei da presença cada vez mais forte do tráfico na periferia, e que a realidade atual do crime organizado que se instala em regiões carentes exige de nós uma reflexão para entendermos seu significado. Se tivermos como pressuposto filosófico que crime é o que vai contra a condição humana, a sociedade já comete crime contra uma parcela da população com a injustiça social, que impõe a pobreza à maioria das pessoas.


E, talvez por isso, essas comunidades carentes, já cansadas de não receberem a proteção do Estado para as suas necessidades básicas de sobrevivência, tenham apelado para o poder do tráfico, que são organizações criminosas que funcionam como defesa social e fazem coisas que o Estado não faz. E a mídia conservadora e sensacionalista trata essas questões como uma simples explosão do Mal contra a sociedade do Bem.


Conviver nesse “arraial” de miséria com crianças e adolescentes e, mais especificamente, com suas famílias, as quais, em número significativo, são pais, mães, filhos, irmãos de sujeitos presos no presídio Prof. Jacy de Assis, meu permitiu “ver de “fora”, a partir das famílias dos apenados e, sobretudo a partir do ambiente social do qual tais pessoas em geral são oriundas, um “currículo” que é tecido pela via da prisão.


Um currículo que perpassa pelos discursos de um “mais Estado-penitenciário”, que impõe a essas famílias rituais de vida, aprendizagens, adaptações, introjeções e assimilações produzidos por um novo contexto de vida, ao ter um ente aprisionado. Um currículo que não pode ser compreendido apenas por um viés “pedagógico”, principalmente depois de conhecer um pouco de suas angústias, seus sofrimentos, o preconceito social que enfrentam e as preocupações em momentos de rebeliões, motins e morte.


Conhecer essas famílias pelo viés da escola tem-me levado a crer que o maior crime é o crime oficial e fardado! De fato, temos o Estado desinteressado, a Policia bandida atrás das fardas, o sistema penitenciário corrompido e perverso, e a mídia hipócrita e moralista, embora, muitos dos que cubram tais matérias jamais deixem de cheirar seu pó ou fumar seu baseado. Isto sem falar que os pobres não têm recursos para manter o tráfico, razão pela qual a classe média é a grande consumidora, ao mesmo tempo e hipocritamente quer "cheirar sem que feda".


Dessa forma, os mecanismos de sujeição dos grupos sociais mais pobres ao discurso de uma penalidade neoliberal têm sido fortemente incorporados pela escola, mesmo que inconscientemente.


Nessa perspectiva, penso que o pedagogo que lida com capacitação docente deve, necessariamente, ampliar seus conhecimentos, as visões de mundo, conhecer os contextos políticos, históricos, sociais, culturais e econômicos da contemporaneidade, respaldando-se cientificamente quanto às questões educacionais sob o aporte teórico da História e da Historiografia, da Sociologia e da Filosofia, pois sem capacitação profissional, sem reflexão, sem autonomia, sem um olhar desconfiado e sem amorosidade pelo que fazemos, não podemos purificar nenhum trabalho pedagógico de seus equívocos.


Brasil, olha pra cima...

Existe uma chance de ser novamente feliz, feliz!

Brasil, há uma esperança

Volta teus olhos pra Deus, Justo Juiz.

João Alexandre

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Claydson, psiu...


Hoje não é nenhum dia especial...

Dia da mesma rotina, do dia-a-dia na escola,

do corre-corre com as crianças,

Do almoço "sapecado"...

Do cansaço no fim de tarde...


Mas às vezes me pergunto por que precisamos de datas especiais

Para mostrar o nosso amor a quem amamos...

Para elogiar a quem admiramos...

Para afagar a quem gostamos...


É por isso que neste dia que se chama hoje

Quero declarar o meu amor

A você, esposo querido...

Companheiro fiel, amigo incondicional...


São tantas qualidades que os defeitos passam despercebidos...


Seu carinho, seu bom-humor...

A maneira como administra nosso dinheiro...

A dedicação com nossos filhos...

Suas poucas palavras mas tão significativas quando declaradas...


Amo você.


Para onde tu fores irei

Onde tu repousares, repousarei.

O teu Deus será o meu Deus.

Teu caminho meu será..

Hoje e sempre te dou meu coração

E repouso os meus sonhos, a minha vida

Em tuas mãos.


domingo, 25 de novembro de 2007

Tudo é Vaidade!



Vaidade no comprimento da saia, no cumprimento da lei


Vaidade exigindo prosperidade por ser o filho do Rei


Vaidade se achando a igreja da história


Vaidade pentecostal


Vivendo e correndo atrás do vento, tudo é vaidade


Vaidade juntando a fé e a vergonha


Chamando todos de irmãos


Vaidade de quem esconde a verdade


Por ter o povo nas mãos


Vaidade buscando Deus em si mesmo


Querendo fugir da cruz


Não crendo e sofrendo, perdendo tempo


Tudo é vaidade


Falsos chamados apostulados do lado oposto da fé


Dinheiro, saúde, felicidade aquele que tem contra aquele que é


Rádios, tvs, auditórios lotados ouvindo o evangelho da marcha ré


A morte se esconde atrás dos templos


Tudo é vaidade


AONDE ESTÁ A HONRA DOS ORGULHOSOS


A SABEDORIA MORA COM GENTE HUMILDE


LIBERDADE LIBERDADE


A música de João Alexandre foi o tema central da nossa reunião de ontem.


O legalismo da ´"fé", a institucionalização do sagrado, a manipulação dos que detém a Verdade, o marketing dos falsos mestres, a vaidade de ser contra Aquele que É!


Tudo é vaidade...




Lendo o Evangelho, é difícil conceber que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de ‘igreja’.


Quem pode ouvir o ensino de Jesus, com toda sua desinstalação, com toda a sua mobilidade, com toda ênfase na igualdade de todos, com toda denúncia aos poderes religiosos, e com toda a pertinência à vida — fosse para curar a mente, o corpo ou o espírito; fosse para anunciar a destruição do Templo como lugar de Deus; fosse para “beatificar” samaritanos e “demonizar” religiosos sem coração —; e, ainda assim, imaginar que Jesus tem qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de “igreja”, seja aquela que se abriga no Vaticano, ou sejam aquelas que têm tantas sedes quantos pastores, bispos e apóstolos megalomaníacos existirem?




Não se vê Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária. Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três... em Seu Nome... e em qualquer lugar... Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida... no ‘caminho’ do Caminho.




Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Nesse Caminho, as maiores demonstrações de fé vêm de fora da religião.




Jesus não disse “Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim”.




Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé... e todos são tratados com amor e simplicidade.




Em Jesus, o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa ‘comunidade paralela’, mas no mundo real.




O Evangelho permaneceu ‘aprisionado’ à Religião, e a coragem revolucionária que Ele demanda para se viver o processo contínuo de conversão e de não-conformação com este mundo, é aquela que se lança ao vento e caminha pela fé.


Caio Fábio


Texto extraído do site http://www.caiofabio.com.br/



Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por Ele.


O Caminho é estreito, não porque seja íngreme, difícil de ser trilhado, espinhoso, apertado... mas por ser ÚNICO.


Não há outra via...




Esteja atento às "sinalizações". Leia e viva o Evangelho...




Só assim você não se perderá em meio aos "caminhos", falsas estradas que conduzem ao precipício existencial!




Um beijo, Nele, que nos conduz em fé, pois é O Caminho,


Vanessa






terça-feira, 20 de novembro de 2007

Bem-aventurado o que espera


Ontem recebi a notícia de que não havia sido aprovada no processo seletivo para o Doutorado/2008 em Educação. Hoje fiquei sabendo que fiquei entre os quatro selecionados no processo da História, para duas vagas apenas.

Sei que não tenho chance de ser aprovada, e fiquei pensando muito no que compartilhei no grupo sábado sobre o sofrimento, tendo em vista que o "sofrimento em Deus torna doce o coração".

Estou em paz, pois sei que Deus não terminou os seus planos comigo e nem eu terminei os planos que Ele ainda deseja realizar em mim e através de mim.

Lendo a mensagem do livro de devocionais "Mananciais no deserto", tive grande conforto com a seguinte palavra:

" Bem aventurado o que espera... (Dn 12:12).Esperar em quieta paciência. Não murmure contra a fonte aparente da adversidade, como fizeram os filhos de Israel contra Moisés. Aceite o caso como é, e ponha-o exatamente assim na mão do Deus do concerto - simplesmente de todo o coração e sem a interferência da sua vontade.

Assim, posso dizer: Esperarei, ainda que me faças esperar por muitos dias, pois meu coração está firmado só em Ti, meu refúgio e minha Torre Forte".

Por isso, quero rever meus conceitos e valores, agradecer pelo privilégio de ter-me aberto os olhos para "enxergar", por meio das leituras que fiz, a miséria humana, e o meu coração para agir em favor de muitos.



Obrigada por todos que oraram por mim.

Um beijo, Nele, que tudo pode, e em quem nenhum dos planos pode ser frustrado.





Vanessa

domingo, 18 de novembro de 2007

O sofrimento em Deus torna doce o coração!



Queridos amigos:
Quem, em sã consciência, pode dizer que nunca questionou a Deus pelos Seus feitos, pelos Seus Planos e pelo próprio destino da humanidade?
Se o universo funciona como universo e é regido pelas leis físicas de causa e efeito, espera-se que o mesmo aconteça com os homens. Ou seja, que se "pague" aos bons com bondade e aos "perversos", com juízo!
No entanto, a experiência humana nem sempre segue essa ordem, e as injustiças praticadas contra, sobre ou em favor dos humanos parecem não combinar com a existência de um Deus que seja soberano sobre as coisas visíveis e invisíveis, e que exerça seu Todo-Poder com Toda-Bondade aqui neste planeta e durante o prazo da existência terrena de todos os humanos.
O que diremos, pois, da história de Jó? Um homem "íntegro e reto", "temente a Deus", que se "desviava do mal", cuja fé e perseverança foram testadas.
Jó também era próspero: possuía muitos bens, tinha muitos filhos (sinal de prosperidade e status social para a época). Era alegre, estava sempre em família, oferecendo banquetes para os seus.
No entanto, não foi "poupado". Deus permitiu que Satanás o testasse: perdeu todos os seus bens, seus filhos foram mortos e seu corpo coberto de chagas:
" Então , saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó, de tumores malignos, desde a planta do pé até o alto da cabeça". Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre.
Jó porém, disse:"
Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?
E a bíblia continua a revelar que Jó, em tudo isso não pecou com os seus lábios...Em meio às perdas, às dores, ao sofrimento, ao desânimo existencial, Jó perseverou e creu na sabedoria e soberania de Deus. Até que no último capítulo do livro Jó assim se expressa:
"Bem sei que tudo podes, e nenhum dos seus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendi, coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei, eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza".
Assim como Jó, muitos têm sofrido. Por isso, não gastemos tempo perguntando " Por quê"? mas, "Quem permitiu"? Se Deus é Todo-Soberano, Todo-Amor, Todo-Bondade, Todo-Justo, com certeza saberemos que nós, seres humanos, somos filhos de dois mundos: vivemos no universo das Leis fixas e, ao mesmo tempo, somos filhos da relatividade existencial que produz liberdade de ser ou não em Deus, mas que em nada afeta quem Deus é em nós. E isso faz toda diferença no nosso existir!
O que peço a Deus, portanto, é que seja o que for que ainda me aconteça, eu caia sempre em Suas mãos, e nunca nas mãos dos homens; pois as perversidades humanas amarguram a alma; o sofrimento em Deus, entretanto, torna doce o coração.
Assim, gloriamo-nos nas próprias tribulações...” sabendo que a tribulação produz...perseverança, experiência e esperança; e sabendo que a esperança não nos deixa jamais confusos, visto que ela mesma se faz acompanhar de um banho do Espírito, o qual é derramado em nossos corações.
Um beijo e obrigada pela presença de todos que vieram.
Nele, ferido de Deus e oprimido, que tomou sobre si as nossas enfermiddes e as nossas dores,Vanessa

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O Sistema Prisional no Brasil: um "menos Estado" Social e Econômico e um "mais Estado" Penitenciário

O Brasil é um país fortemente atingido pelas desigualdades de condições e de oportunidades de vida. Um conjunto de razões ligadas à sua história e à sua posição subordinada na estrutura das relações econômicas internacionais faz com que a sociedade brasileira continue caracterizada pelas disparidades sociais e pela pobreza de massa que, ao se combinarem, alimentam o crescimento inexorável da violência urbana transformada em principal flagelo das grandes cidades. Violência esta que cresce a cada dia, fruto também de um mundo globalizado que exclui todos que não se ajustam à sua lógica, com dimensões não só econômicas e políticas, mas humanas.

A estrutura de dominação econômica dos países ricos sobre os mais pobres, principalmente sobre países como o Brasil, desprovido de tradição democrática e de instituições capazes de amortecer os choques causados pela mutação do trabalho e do indivíduo neste limiar de século, vai “arando” um terreno de incertezas, que gera medo e insegurança.

A flexibilização e adaptação constantes ao mundo do trabalho, a instabilidade, os empregos incertos que surgem e desaparecem de acordo com as regras do jogo que transcendem as características particulares de uma localidade, faz com que exista uma penalidade neoliberal sedutora e funesta. Uma penalidade que se fundamenta num Estado que responde à insegurança popular com aumento das penas, policiamento e construção de prisões.

Com efeito, há o crescimento do Estado Penal em detrimento do Estado Social, fato demonstrado em detalhes no livro As Prisões da Miséria, por Loïc Wacquant. Ou seja, uma penalidade que, segundo o autor, “apresenta um paradoxo: pretende remediar com um “mais Estado” policial e penitenciário o “menos Estado” econômico e social que é a própria causa da escalada generalizada da insegurança objetiva e subjetiva em todos os países, tanto do primeiro como do Segundo Mundo” (2001, p.7).

Este Estado-penitenciário reafirma a influência moral da sociedade sobre seus “maus pobres” e educa o subproletariado na disciplina do novo mercado de trabalho, que só é tão florescente porque encontra o interesse e a ausência das autoridades dos diversos países que, como o Brasil, importa temas e teses de segurança incubada nos EUA. Dessa forma, os dogmas da “nova religião penal” fabricada nos EUA para melhor “educar” as frações da classe trabalhadora refratárias à disciplina do trabalho assalariado precário e subremunerado resultam numa “nova penalogia”. Ou seja, o objetivo não é mais nem prevenir o crime nem tratar os delinqüentes visando o seu eventual retorno à sociedade uma vez sua pena cumprida, mas, segundo Loïc Wacquant,

isolar grupos considerados perigosos e neutralizar seus membros mais disruptivos mediante uma série padronizada de comportamentos e uma gestão aleatória dos riscos, que se parecem mais com uma investigação operacional ou reciclagem de “detritos sociais” que com trabalho social” (2001, p.86).

Nesse sentido, a temática da penalidade neoliberal desempenha o papel político de criminalizar os pobres e todas as suas estratégias de sobrevivência, estigmatizando-os através da relação entre crime e pobreza, exposta diariamente como inimigo público em horários nobres.

Historicamente, o assentamento dessa realidade penal se deu a partir do século XX – uma época marcada pelo poder punitivo Estatal, onde a prisão, juntamente praticada com a tortura, foi uma “instituição total”, segregando a classe oprimida e trabalhadora. Com a pena pública, de prisão, o Estado roubou o lugar da vítima, se vingando de outra forma, sob o nome de justiça – justiça criminal.

A transição, entretanto, do Estado Providência para o Estado Penitência, sustentáculo da penalidade neoliberal, não diz respeito a todos os cidadãos. Ela se destina aos miseráveis, aos inúteis e aos subordinados à ordem econômica, àqueles que compõem o subproletariado das grandes cidades, às frações desqualificadas da classe operária, aos que recusam o trabalho mal remunerado e se voltam para a economia informal da rua, cujo carro-chefe é o tráfico de drogas.

Para estes, desenvolve-se um Estado penal para responder às desordens suscitadas pela desregulamentação da economia, pela dessocialização do trabalho assalariado e pela pauperização de amplos contingentes do proletariado urbano. Conseqüentemente, aumentam-se os meios, a amplitude e a intensidade da intervenção do aparelho policial e judiciário.

Assim, a penalização serve como uma técnica para a invisibilização dos problemas sociais que o Estado, enquanto alavanca burocrática da vontade coletiva, não pode ou não se preocupa mais em tratar de forma profunda.

A prisão, então, serve como “lata de lixo” judiciária em que são lançados os “dejetos humanos” da sociedade de mercado.

Num mundo como este, regido pela lógica de mercado, prisão vira depósito de pessoas não-consumidoras, e não apenas lugar de enclausuramento por algum crime ou delito cometido.

Paulo e uma aula sobre o Viver-Cristo


Amados irmãos, queridos amigos, Graça e Paz!


Ontem tivemos um encontro esplendoroso! De antemão, quero agradecer a presença de todos vocês: Leonardo e Vanessa; Ester (mamãe); Cláudia e Arnaldo; Neivia; Beto; Luiz Carlos e Vânia; Regina; João e Tânia; Jonas Júnior, Gláucia e Ana Vitória; Eliana e Severo bem como as crianças.


O tempo foi jóia, compartilhamos sobre a semana, sobretudo com suas tristezas, alegrias, derrotas e vitórias.
O texto lido foi de Efésios 4: 1-24


Gosto do livro de Efésios, pois diferentemente das outras cartas paulinas, não foi escrita com a finalidade de resolver problemas específicos da Igreja. Ao contrário, é uma carta de admoestação aos cristãos para que vivam em unidade e amor uns com os outros e, no decorrer da epístola, apresenta alguns “critérios” para se viver autenticamente assim.


Paulo, de todos apóstolos, é o meu preferido. Isto porque, apesar de ter sido o único a não conviver com Cristo, foi o que mais viveu Cristo. Em tudo que escreveu, demonstrou estar cheio de Jesus em tudo... E, com isso, nos mostra que, pode-se não ter convivido... fisicamente... e ter-se entendido bem melhor. É ele mesmo, em suas epístolas, quem diz: " “mas Graças a Deus por esse “nascido fora de tempo”, pelo último... o principal dos pecadores... pelo que veio depois de todos... pelo mesmo que não se sentia digno de ser chamado apóstolo... pois perseguiu a Igreja de Deus... por isso diz “nada sou... mas a graça não se tornou vã em mim... por isso, sou o que sou... não eu... mas a graça de Deus comigo”.


Além disso, Paulo é bastante “sartriano” em suas recomendações.


É claro que, como sabemos, para Sartre Deus não existe. O sentido que falo que Paulo traz em suas epístolas um “quê” de Sartre é que, segundo o filósofo, o homem é liberdade, cada um de nós é absolutamente livre a mostrar a sua liberdade, sendo o que escolheu ser. Todas as normas sociais, segundo Sartre, são formas do homem se esconder da angústia gerada pelo absurdo da existência. Por isso, o homem louvado por Sartre é justamente aquele que foge das leis, que não tem nenhuma moral, que não segue as leis e o direito ou os mandamentos, mas que constrói uma moral de acordo com o que construiu para si mesmo. A liberdade é a única fonte de valor para o homem.
Mas a liberdade do homem é uma liberdade comprometida com os outros. A cada escolha o homem compromete a humanidade inteira. Assim, a vida é um compromisso constante, um constante escolher por parte do indivíduo, tanto mais valioso moralmente quanto mais livre.
E é nesse sentido que Paulo sempre, em suas epístolas, responsabiliza o próprio homem por suas escolhas, seus desejos, sua liberdade! Para ele, o diabo é apenas um oportunista frente ao que, nós mesmos, de antemão, desejamos ser.


Em Efésios 4: 17-24, Paulo diz:


Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos; obscurecidos por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seu coração; os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e Nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.


Que lindo! Paulo especifica dois tipos de pessoas: o velho homem, vaidoso, duro de coração, ignorante, insensível, dissoluto (corrupto, devasso), impuro; e o novo homem, instruído por Cristo, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.


Assim como nos dias de hoje, há aqueles cuja mente ainda está obscurecida porque não receberam a revelação esclarecedora de Deus, pois se encontram alienados ou separados da vida de Deus e, por isso, incapazes de ouvir Sua voz, estando voluntariamente ignorantes a respeito de Deus e de sua verdade. E por causa da dureza de coração, não temem as conseqüências de seus atos.


Ao contrário, há os que buscam um novo estilo de vida, marcado pela renovação da mente, pelo desejo livre de viver Cristo, despojado do velho homem, cuja existência é sartriana, pois a liberdade de ser é uma liberdade comprometida com os outros e, a vida, um constante escolher que, em Cristo, segue a verdade em amor.
Só Deus é capaz de perscrutar nosso coração e nos revelar, de fato, quem somos.


Pena que Sartre, apesar de toda a sua “responsabilidade existencial”, não conheceu e não viveu o Autor da Existência, posto que só Nele, por Sua Graça, seremos verdadeiramente renovados, despojados, livres e comprometidos, em amor, uns com os outros.


Onde você se encontra?


Deus sabe... e quer que você O siga, livremente, voluntariamente... e seja renovado pela Verdade.


Um beijo, Nele, que nos aprisiona ao nos fazermos livres.
Vanessa